A ex-basquetebolista e activista social Clarisse Machanguana mostra-se preocupada com os jovens atletas que abandonam a escola para dedicarem-se exclusivamente às actividades desportivas, na equivocada crença de que o desporto, por si, pode resolver todos os seus problemas económico-financeiros.
Para Machanguana, trata-se de um entendimento inexacto que para além de frustrar a juventude, distancia duas áreas de desenvolvimento pessoal que estão intrinsecamente ligadas: o Desporto e a Educação.
“Tenho, no total, 34 anos de dedicação ao desporto, tendo tido a sorte de aprender sempre com os melhores. Mesmo assim, acreditei sempre no poder da educação para a preparação do meu futuro. Tenho bacharelato em Justiça Criminal, com mestrado em gestão de empresas. Eu sei que é, sem dúvida, uma ginástica muito grande, mas não deixa de ser possível”, reiterou Machanguana.
Sendo activista social como uma abordagem muito direccionada à mulher e a rapariga, os apelos de Machanguana são particularmente direccionados a este grupo, embora compreenda que “vivemos numa sociedade em que há desafios acrescidos para a mulher, dai ser extremamente importante que elas continuem a perseguir o caminho académico. A formação e a escolaridade ajudam a minimizar alguns obstáculos culturais tais como a pressão para casar e a pressão para ser mãe que, infelizmente, acabam por resultar em gravidezes precoces e abandono a escola”.
Enquanto activista e patrona da Fundação que ostenta o seu nome, Clarisse Machanguna luta, desde 2013, para minimizar as dificuldades conjunturais que condicionam o desenvolvimento da mulher e da rapariga, em Moçambique.
Este ano, a Fundação Clarisse Machanguana (FCM) e o Moza juntaram-se para criar um movimento de solidariedade com desdobramentos internacionais, no sentido de, através do desporto e da educação, garantir que as jovens e raparigas possam continuar a acreditar que é possível sonhar e mudar o seu paradigma social.
“Com o Moza Banco, através da campanha Faz Acontecer, estamos a levar a cabo um projecto de angariação de fundos com vista a garantir que as nossas meninas possam ter o poder de escolher o futuro que querem. Temos leque de oportunidades de formação e treinamento em várias áreas”, esclareceu Machanguana.
Criada em 2015, a Fundação Clarisse Machanguana potencia raparigas, gerando oportunidades para que estas se tornem recursos indispensáveis para o desenvolvimento do país a vários níveis e sectores de actuação. A título de exemplo, graças a Fundação, algumas jovens do distrito de Marracuene, onde a FCM está sediada, já beneficiam de oportunidades para estudar e praticar desporto no estrangeiro, com destaque para os Estados Unidos da América, um dos gigantes do Basquetebol em todo o mundo. Aliás, foi em solo americano que Clarisse Machanguana fez história, tornando-se a primeira moçambicana a jogar na WNBA.
Para o Moza, o apoio à Fundação Clarisse Machanguana marca o arranque de uma série de investimentos em projectos sociais ancorados à Campanha Institucional: “Faz Acontecer”, através da qual o banco vai enaltecer Moçambique e aqueles moçambicanos que inspiraram e inspiram gerações, hoje, amanhã e sempre.
O Moza acolheu, esta quinta-feira, 20 de Junho, pelo segundo ano consecutivo o debate sobre os desafios da economia mundial e o seu impacto para Moçambique, num encontro que contou com participação de especialistas internacionais da quinta maior escola de negócios do Mundo, a Fundação Dom Cabral.
As abordagens propostas nas discussões roçaram a componente da biodiversidade, um tema cada vez mais em voga na agenda mundial, trazido ao encontro pelo ambientalista Carlos Serra, que se predispôs a apresentar a temática sobre a “Sustentabilidade Ambiental como Pilar da Resiliência Económica: Desafios e Oportunidades para Moçambique”.
Entre os oradores principais, figurava Marcos Troyjo, um académico da Universidade de Oxford, com experiência de liderança, na frente de instituições renomadas brasileiras e internacionais, com destaque para o facto de ter sido o primeiro ocidental a dirigir um organismo internacional, sediado na Ásia, e também o primeiro brasileiro a presidir um Banco multilateral de desenvolvimento.
Troyjo que discutiu sobre os desafios da economia mundial em 2024, novas oportunidades para as economias emergentes, destacou, dentre vários factos o crescimento da população mundial e o papel de África nas novas dinâmicas mundiais.
De acordo com Marcos Troyjo, o continente africano, muito particularmente Moçambique e os países da africa subsaariana, devem estar prontos para responder às necessidades do mundo, “explorando o seu vasto potencial em benefício da sua própria economia, gerando cada vez mais riquezas para o país e para as populações”.
Já Carlos Serra, por seu turno, entende que não existe desenvolvimento sem a observância dos preceitos básicos da sustentabilidade.
Segundo Serra, só com seres humanos cada vez mais conscientes sobre o ecossistema é que se podem desenvolver e implementar políticas amigas do ambiente, “capazes de conciliar o crescimento económico e a protecção da biodiversidade”.
Ainda na ocasião, o Presidente do Conselho de Administração do Moza, João Figueiredo, deixou claro aos presentes que o Banco, afinal, também está engajado na protecção do ambiente, implementando acções concretas para minimizar o impacto das mudanças climáticas.
Entretanto, o Presidente da Comissão Executiva do Moza, Manuel Soares, fez do momento uma oportunidade para celebrar os 16 anos do Banco, valorizando o engajamento dos colaboradores para o sucesso do Moza.
A conferência sobre os sobre os Desafios da Economia Mundial em 2024 e o seu Impacto para Moçambique teve também a participação do Embaixador do Brasil, Ademar Seabra Júnior e da representante da Fundação Dom Cabral (FDC), Viviane Barreto.
Na senda do encontro, foi, ainda, assinado um Memorando de Entendimento entre o Moza e a FDC para a viabilização de um programa educacional denominado “Pra Frente” através do qual as Pequenas e Médias Empresas nacionais, que trabalham com o Moza, beneficiarão de formações e capacitações em matérias de empreendedorismo e gestão.
Teve lugar ontem, quinta-feira, em Maputo, a conferência de imprensa para o lançamento da campanha institucional do Moza Banco, através da qual o Moza reafirma a sua posição enquanto Banco que acredita e aposta em Moçambique e nos moçambicanos.
Na ocasião, o Banco estabeleceu uma parceria com a Fundação Clarisse Machanguana (FCM), uma organização que trabalha activamente para o empoderamento da Mulher e da Rapariga, sobretudo àquelas em situação de vulnerabilidade.
O encontro com jornalistas e parceiros do projecto serviu igualmente como plataforma para o reconhecimento público do percurso da Clarisse Machanguana, com destaque para a sua trajectória internacional, tendo sido a primeira moçambicana a jogar na maior liga de basquetebol do mundo: a WNBA.
A partir do acordo estabelecido entre o Moza e a FCM dar-se-á eco a uma campanha de angariação de fundos que deverá beneficiar a Fundação, potenciando oportunidades no desporto e na educação, visando jovens e raparigas carenciadas, em todo o país.
Durante a sua intervenção, Clarisse Machanguana sublinhou o facto de o projecto da Fundação contemplar adolescentes e jovens sonhadoras que enfrentam desafios que ela própria um dia encarou.
“Também já fui jovem e no meu percurso enfrentei barreiras diversas, dai que o percurso das meninas que a fundação apoia é muito parecido com o meu. Para mim é extremamente satisfatório ver os resultados do que estamos a fazer. Por isso quero mais uma vez reiterar que a ajuda de todos é fundamental para o sucesso deste projecto”, apelou Clarisse Machanguana.
Para o Presidente da Comissão Executiva do Moza, Manuel Soares, os êxitos que têm sido alcançados através do projecto da Clarisse atestam o poder transformador do desporto e da educação, no processo de edificação de uma sociedade mais equitativa, na qual a mulher sonha e Faz Acontecer.
“Para nós é um dever e ao mesmo tempo um privilégio apoiar causas que impulsionam o progresso e o desenvolvimento sustentável da nossa nação, muito particularmente o da Mulher. Eu saúdo a todos que acreditam no poder da transformação social, muito particularmente às instituições que se identificaram com este projecto e se juntaram a nós nesta jornada que pretender Fazer Acontecer o sonho da jovem mulher moçambicana”, disse Manuel Soares, tendo de seguida agradecido os actuais parceiros da campanha, nomeadamente a Rádio Moçambique, Televisão de Moçambique, Sociedade de Notícias e Hotel Meliã.
Com o objectivo de enaltecer a mulher, contribuindo para que esta acredite no seu potencial e materialize os seus sonhos, o Moza definiu 2024 como sendo o ano da Mulher Moçambicana, pelo que desde o seu arranque o Banco têm estado a materializar várias iniciativas em prol da Mulher, com destaque para o projecto Moza Women.